segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Eco de um grito sem som.

Eu sou um homem de mãos sujas e rosto inchado, pés cansados e costas amargas.
Minhas mãos são sujas de tanto que as limpo. Vivo no conforto, conformado com minhas inúmeras posses e inúmeros números guardados no banco.
Meu rosto é inchado de tanto tapa, tapa que eu mesmo dou em qualquer infeliz que cruzar meu caminho, mas acabo, no fim, recebendo tudo de volta.
Meus pés estão cansados de tanto descansar, e na verdade eu só conto. Conto os contos que vivo no meu imenso vidro fechado, lacrado, em que me tranquei.
As costas amargas, tomadas por descaso e solidão.

A felicidade foi embora há pouco tempo, junto com o Amor que eu guardava ali dentro.
Saiu pela porta da frente sem olhar pra trás...
E na verdade tanto faz, ficar aqui, ou ali atrás.

Vivendo, cantando ou amargando.

Sonhando, apanhando ou morrendo.

2 comentários:

Anderson disse...

Gênio!!
Muito bom!

Obrigado pela visita
;)

Paulo Henrique Motta disse...

costas amargas...
isso é muito bom!!!
um super bj