quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

E a rotina desatina...

Eram quatro letras. Mas só uma era consoante. Achava estranho e vivia lamuriando pelos cantos. Ora! Estranho seria, se das quatro, uma só fosse vogal.


Tomou uma xícara de chá amargo e foi pro trabalho. A mesma coisa de todos os dias: bater o cartão ao entrar pelo portão, trabalhar na linha de produção e voltar pra casa. Mas antes sempre passava na padaria. Três pães franceses, um sonho e uma coca-cola. Era bem raro comprar requeijão.


Ah! Requeijão era luxo. E não jogava fora o potinho, não.

Ia acumulando pra colocar tempero.

Cominho, noz moscada, orégano, salsinha e cebolinha... E se plantando tudo tinha!


A coca-cola era costume... Chamava até de neguinha.

Os pães eram devorados em dois tempos.



E o sonho que ele comprava, todo dia sobrava em cima da mesa.

(Mas dentro do quarto, o que sobrava era beleza!)

domingo, 28 de dezembro de 2008

Retroexpectativa.

Ainda consigo me lembrar do primeiro segundo do ano. Pode até ser um mero engano, mas foi doce. Depois de alguns minutos o doce ficou amargo, como se o manjar e a torta de mel se fizessem fel.

(...)

Dizem que o ano só começa depois do carnaval.

Pois bem, meu bem, pulei o carnaval sem dó nem piedade. Mal vi o movimento todo que se fazia na cidade. Com serpentes e serpentinas e já com essa idade, parecia que o que eu não tinha era vontade de sair e respirar. Bastava minha casa e minha cama.

Adormeci.


Mas não morri.


Eu até pensei que não daria conta do pranto que sobrava em cima da mesa, ao lado da xícara de nostalgia. Naquela noite, faltava a alegria (ela tinha saído com os amigos).

Nas semanas seguintes eu andei pela rua, e lavada pela chuva em alguma esquina, encontrei a cura da minha alergia.

Veio em forma de abraço, embalado com o badalo do sino das dez da noite, com a brisa da estrada cheia... Veio em forma de sorriso de anjo, em caminhos de veia...


O ano foi bom, foi pleno, foi puro. E dessa vez eu aprendi a reconhecer quando é veneno.

Não me faltou nada, apesar de entrar em contradição a cada vez que paro pra pensar e reviver alguns momentos.

Foi leve feito vento.


Consegui descansar.

Agora eu sei o que fazer, o que buscar.



E eu vou encontrar.




Tudo depende do início.

Bom 2009,

Que não lhes falte serviço.




Rebecca Garcez.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Mente enlouquecida, cabeça colorida.

Vermelho, roxo, amarelo.
Branco, verde, rosa choque.
Preto azulado.

Cerebelo embriagado.

Eu sou o homem das faces e feitos.
Essa é a minha arte.
Até amanhã de manhã,

e muito obrigado!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

A cama e a fama.

Chega aqui mais perto, sente só... O jeito, o cheiro.



E o cabelo cheirava a vapor de erva cidreira. Cheirava aquela rua estreita.
Aquelas esquinas frias. Aquela vida vivida.







Aquelas meninas.