domingo, 17 de junho de 2012

Da madrugada e a notável perturbação mental

Desde os primórdios da minha mudança pra terras maravilhosas venho notado a periodicidade da falta de sono que antecede acontecimentos quase que constantes em minha vida.

É com (não) pesar que venho informar que dessa vez não vou ter medo e digo mais! Dessa vez vou aproveitar pra escrever quando a insônia vier.

Vai que surge um best seller, vai saber!

Vocês andam lendo cada coisa...

domingo, 10 de junho de 2012

Pequenos dedinhos se puseram em cima das minhas mãos e era ele. Era ele o presente mais lindo de Deus nos meus dias, uma miniatura de vida em cor, um pedaço pequeno de alguma coisa enorme.
Uma benção.
A presença mais ilustre do domingo, aqueles olhos brilhavam olhando pra um eu que eu andava pisando, massacrando, que eu odiava. Nossa, como eu me odiava. O lado de fora me deixava com vergonha, o de dentro então, um drama maior. Faltava, faltava amor, sobrava pudor.
Alegria tinha entrado em greve.

Mas era de manhã e as outras manhãs que vieram depois nunca mais foram iguais.

"Agora tenho força pra poder consertar você.
Eu vou consertar você, você não imagina o quanto vale esse sorriso.


Sempre vou estar aqui, fica calma."

Repetia constantemente em frente ao espelho.
E ao lado?

domingo, 27 de maio de 2012


As pessoas correm

Correm pra pegar o ônibus, correm pra achar o mercado aberto, correm pros domingos, correm pra amar, correm do amor, do outro, do lado, do ego, pro maço, aí já é março, correm pro erro e depois pra igreja. Correm pro trabalho, pras escolas, das escolas, pra praça, do preço, pra banca de jornal, pro banco no quinto dia útil do mês, correm da próxima vez, do próprio pescoço, correm sem segurar no corrimão, pela contra-mão, pão quente sai as seis, correm pro bacanal, da comida, pro queijo minas sem sal, correm, correm, correm aí reclamam que já é natal. 

quinta-feira, 29 de março de 2012

Ao contrário da postura que costumo adotar quando sinto o escrever, não vou colocar qualquer música que me acalante pra expelir essa escrita. Na verdade isso nem é uma escrita. Isso é um cuspe. Um cuspe no chão. Um cuspe na sua cara.
Você puxa um banco pra sentar. Você senta pra falar e ao sentar já começar a ordenar com as mãos. Ordenar como se vive. E não digo ordenar como quem coloca ordem. Digo ordenar como quem impõe uma forma de vida que na realidade não me pertence, não pertence a ele, a ela, a ninguém. Só pertence a você e ao raio de 1 metro que te cerca. Performance mal ensaiada do início aos agradecimentos, aos créditos, ao enchimento de linguiça e do seu ego; acha que transpassa pra qualquer um todo o qualquer que você é. E o pior é que funciona. Cansei de ouvir que não enxergo o que é enxergado por você e sua percepção aguda, e cansei de ouvir mesmo, eu só ouvia. Ouvia, ouvia, ouvia porque de fato você nunca mostrara quem realmente é por trás de toda a sua casca.


Cuidado porque uma hora o casco quebra. E o que sobra é só cascalho.






"Vai pro caralho!"

terça-feira, 13 de março de 2012

segunda-feira, 12 de março de 2012

Carta ao pai

"Pai, o senhor hoje recebe esse substantivo sem tê-lo merecido em nenhum dos dias em que se levantou da cama. Passei toda a minha minúscula vida me perguntando o motivo de toda essa repulsa, pesquei no íntimo de minha amada mãe qualquer justificativa pouco plausível pra me (te) aliviar. Depois de uma conversa de bar, onde eu bebia copos e copos descartáveis de cerveja barata me vi vivendo um dia ao seu lado. Só eu e você. Engraçado que nunca tinha pensado nisso até que me dei conta de quão inimaginável essa cena se torna. Não te conheço. Não sei o que faz da vida. Não posso nem cogitar o que faz no almoço de domingo, com que gasta seu dinheiro, como se diverte, onde consegue seu fumo, como sua mulher te trata e como ela é tratada. Se o cachorro faz no jornal. Não sei se sabe cozinhar, e se cozinha, não sei se tempera seu frango com limão ou curry. (Caso cozinhe, experimente curry no arroz.)

A terapeuta passou uma lição de casa. Caminhar até o advogado, comprovar que sou obra de seu esperma, entregar cópias de documentos comprovando que sou de fato uma obra, onde resido, qual a sequência de números que me representa, pro advogado levar pro fórum da cidade e depois disso não sei qual é o procedimento legal. Só sei que você vai receber uma carta. Não essa. Outra. Uma carta chamando você pra conversar comigo por algumas horas, minutos, talvez. Depois dessa conversa uma parte do seu salário que nem sei se tem vai ser destinada a mim todo mês.
Acho que a terapeuta quer te mostrar que eu nasci, não sei... Mas vem conversar comigo.

Prometo não fazer birra, pai."

domingo, 11 de março de 2012

É duro, José
é duro ir, vir, ficar
é duro passar o dia inteiro em pé
raspando a unha no corrimão
demente, doente, corpo são

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Empurra-empurra

Existe, nos dias de hoje, uma rua muito esburacada perto da minha casa. A calçada parece pedra-pomes e o meu saltinho fino fica prendendo toda hora até que eu caí.
Liguei na prefeitura pra reclamar e aí se desencadeou aquela tática infindável dos atendentes de telemarketing que te transferem pro outro setor e outro e outro, fazendo você arremessar o telefone longe e ganhar o primeiro lugar em lançamento de dardos.

O que acontece: Preciso muito de muita massa corrida, cimento, pedreiro, trabalho duro ou qualquer coisa que o valha pra reconstruir tudo isso.






Caso contrário corro o risco de quebrar as pernas.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Em tempos de angústia contida

De repente a serpentina deixou o caimento fazer-se leve feito pena, e que me leve!
E que por duzentas vezes me lave pra eu poder contar até uma dúzia enquanto espero balançando as perninhas, tal qual minha prima que aos seis se deita de bruços na hora de desenhar coisinhas, diz ser papai mamãe irmã e eu nem sequer os reconheço. Meu lado de dentro sente saudade do seu.


E de repente o tempo todo suspirava pelos cantos rindo da cara que eu fiz de início, com o marasmo e maresia daquela praia poluída dos pés a cabeça, mas quem liga? De fato você tem razão quando diz que eu não acreditava tanto assim em tudo aquilo que estava prestes a acontecer - que agora acontece e é uma constante.
Dê-me florete, espada e sabre pra eu praticar meu esgrima contra todo contratempo, porque o meu lado de dentro sente.










- Touché!






B.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

2 mil e ONZE

2011 foi, de fato, o ano do onze.


Geralmente escrevo sobre meu ano no último dia dele, que é pra finalizar o ciclo de uma vez por todas e me considerar limpa depois dos fogos.
Não o fiz talvez pela correria no trabalho, em casa, nos preparativos, mas acho que cabe dizer aqui que quis fazer da virada uma vírgula e não um ponto final.

Meu ano foi crescimento. De janeiro a, nesse caso, janeiro.
Comecei sem lar, sem faculdade, sem emprego, sem par e ao mesmo tempo com tudo. Assisti a festa da Avenida Paulista no apartamento enorme da Susi ao lado da família, rindo, comendo, aproveitando os tios e primos. Depois voltei pra cidade de sempre, na casa de sempre, com os móveis de sempre pra esperar o resultado do vestibular.
Passei, me matriculei, me desesperei atrás de casa até voltar pro Rio e dar início a isso que não quero finalizar aqui, como disse ali em cima. Pra quem nunca tinha trabalhado, mudei de emprego três vezes. Encontrei no meio do caminho uma pessoa que é de verdade. Troquei de casa, pulei de galho em galho, aprendi a fazer abobrinha recheada, a usar máquina de lavar. Aprendi a não faltar com os compromissos só porque tá chovendo e parei de inventar dor de cabeça pra mamãe me buscar mais cedo.
Aprendi.


No tempo dos homens estamos entrando em mais um bloco de vida, em mais uma chance, em mais promessas de começar a dieta na segunda. Eu só quero continuar o que comecei ano passado. Continuar a crescer sem parar, a aprender, a fazer com que as coisas se movam de fato sem ficar reclamando no sofá comendo trakinas. Quero conquistar meu espaço, construir minha casa, valorizar e tentar fazer com que meu exterior diga um pouco mais sobre o que há do lado de dentro. Quero mais cor. E nada disso me soa como meta.
A meta desse ano doze é deixar de lado os maus hábitos. O resto eu já aprendi como faz.

É só continuar buscando.







... Aí eu passei a virada de azul.