segunda-feira, 26 de julho de 2010

Plano B

Não aguentei ver Alana daquele jeito, estirada na areia da praia a sufocar. Precisei chegar mais perto e tentar arrancar alguma palavra de minha própria boca, porque era eu quem padecia diante daquela cena amarga. Me lembrei do dia em que ela cozinhava e em tudo botava azeitonas sem caroço, cada gororoba que no final deixava um gostinho bem suave, como quem sente saudade. Me abaixei e ouvi meu joelho esquerdo a reclamar, mania essa, minha, de não querer tratar. Desci o ouvido bem perto de seu peito, mesmo sabendo que qualquer coisa que ela guardasse lá dentro ainda se via a apitar. Não sei o porquê da esperança, nem sei se tinha, se podia, se esperava. O ideal seria uma segunda chance... E olha que eu odeio toda segunda chance! Mas nesse caso cabia. Depois de todo o descompasso, o embaraço e aquele início sem meio nem fim, só me remetia a uma única coisa: Alana adormecia sem mim.

Isso jamais seria aceitável!
(Eu projetava a voz pelo espaço como aquele velho ator torto, surdo e impuro).
Depois de anos morando na Avenida do Eu Te Amo, me deixar solto pra qualquer inseto vir e me picar? E a alergia?





Querem mesmo saber?
Eu é que não fico aqui, infeliz, vivo e ao mesmo tempo, extinto.


Cansei de rimar alergia e alegria.

domingo, 25 de julho de 2010



Eu queria. Eu juro que queria.
Mas pra mim parece sempre vazia...

Sempre vai ser assim, como é, e não como eu queria.
Vai ser sempre vazia.

Show bar

Vim aqui compartilhar do meu desespero.
Eu gosto, eu gosto de sentir esse cheiro, mas não é de hoje que procuro cheirar outros cantos, pra não enjoar. Então eu me viro, olho, olho e me desaponto, como se esperasse encontrar alguém ali atrás.

Vim, na verdade, contar meu novo sonho.
Essa noite me custou a passar, passados que foram derretidos voltaram a me assombrar, me vi presa entre seis ou sete vidas, como um gato de rua e suas feridas. Então eu me pesco de volta, como se esperasse encontrar uma minhoca na isca.

... Vim abraçar o saudosismo.
Nesse exato minuto eu me lembro de quão inocente e amante eu me mostrava, ao mesmo tempo arranhava meu próprio pescoço, sem notar que era eu quem sangrava. Então eu subia no balcão, como aquela putinha alternativa a se mostrar.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Exclamava olhos de desistência
Amargava a boca e o figo da semana passada
Engolia a plenitude que lhe faltava e escarrava a boa vontade ingerida no café da manhã.

Desossava o passado como se margarida fosse,
expremia a ferida e dois goles de tinta nanquim talvez bastasse.


Como se tudo fosse digerível...
Como se intuito, poesia e coração, fosse dirigível.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Acariciei minhas bochechas.
Nunca estiveram tão geladas...
Só agora eu entendo que o que eu não tenho, eu não tenho porque na realidade eu não quero.

Duas mãos, um coração e uma ferida.


Me definir nunca foi tão fácil.
E o pior é que ainda não acaba nessa vida.