sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O clima era o mesmo de sempre. Péssimo! A diferença era o lápis apontado. Bem apontado. Nossa, como eu amo lápis bem apontado. Com certeza está na lista de coisas idiotas que fazem toda a diferença. Igual sentar do lado esquerdo do ônibus.
A lamparina fazia sombra no topo do lápis, ficava ruim pra enxergar. Mas a ponta bem afiada compensava.
Sentou na mesinha em frente a entrada. Os velhos chegavam tirando fotografias. Será que estava em um lugar histórico e não sabia? O gordo de verde encostado na porta do banheiro responde. A cara feliz e as pernas inquietas condenavam o nervosismo.
Sinceramente eu nunca fui de escrever contos. Relutei até resolver pegar o caderno pra rascunhar. Hoje eu estou pra conversa! Peguei o celular pra passear pela agenda sempre começando pelo Z. Estava dormindo. Pulei pro R que não atendeu, depois pro F que ainda não tinha chegado da faculdade e quase me rendi a letra G, já girando o apontador, nessa altura do campeonato a ponta ficara levemente arredondada.

Eu estava em verdade ansiosa. Ociosa. E odeio chorar por pouca coisa. Vai falar que eu não to na merda?

Canceriana, atriz, escritora, colesterol alto e tricolor. Um combo que nasceu junto comigo literalmente pra me matar do coração. Mas não dispenso nenhum desses traços que não o colesterol.



É genético.

Juro que evito fritura.

Ensaio sobre a visão

Deveriam fazer de mim um rei.
Não digo rei, mas ao menos um vidente.
Sou de fato sensitivo, não gosto de nada tão restrito, vivo a te imaginar...

Se eu tivesse visto meia pontinha do seu mundo, te entregaria uma bandeja e um prato fundo de vivência.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Eu sou feita de todos os pecados. Não, de todos não... Só dos piores.


Engoli seco quando saí de casa hoje pela manhã. Ao atravessar, um caminhão quase me junta pra formar uma só. Por meio centímetro não me lasco! É, pois é... Eu sou muitas. Sou tantas que perco a conta. Não queria que fosse dessa forma, poderia ser constante do início ao fim mas essa teoria me parece um tanto quanto falha (e olha que falha me agrada bastante!). Eu sou muitas. Sou uma pra você, uma pra ele, uma pro ex, uma pra amiga, uma pra mãe, uma pro espelho do banheiro, eu sou muitas. Sou muitas pra mim.

E não ando dando conta.

Não ando dando conta das contas, do trabalho, dos ensaios, de todo o esforço físico, ser tantas assim me cansa. Tentei ir à missa, dobrar os joelhos, suplicar qualquer dádiva, mas acho que Deus preferiu rir de mim, de lá de cima. Não por deboche, longe dele! Deve ter me confundido com outra de mim.

Não ando dando conta.

Não ando dando conta dos cantos, das verdades, das saudades, de todo o espírito, ser tantas assim me cansa. Tentei recuar, me dobrar em posição fetal, desmembrar uma perda, mas acho que eu preferi rir de mim, daqui de dentro. Não por deboche (deboche também me agrada bastante!), mas por descrença. Devo ter me perdido por aí. Mas garanto que falta não faço.




Eu sou muitas.