quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Engolindo a mim mesma, cavando nesse imenso e profundo mar de nada, esqueci ali fora dois botões. Talvez fossem da minha saia. Devem ter descosturado enquanto eu costurava minhas noites. Não é possível, devem ter desligado meu aparelho, não me vejo mais a respirar. Vou aprontar as malas, o trem parte depois do próximo apito. Abri o zíper, devagar...

Guardei um pedaço de renda, um cadáver de cigarra, ar.
Guardei doze xícaras quebradas, um pouco de torta, mar.
Guardei aquelas cartas, aquelas, fartas, par.
Guardei o escárnio e o maldizer.
Guardei a tristeza e o querer.
O deleite, o descaso e os traços.
Guardei o ir e vir.




O ir, o vir, e o ficar.