sábado, 20 de junho de 2009

Doze passos pra frente, atravesse a ponte, entre na primeira a direita e lá está ela. Linda, robusta, sempre à espera. Ninguém um dia chegou a imaginar o que se escondia por trás daquela porta de oito metros e meio, feita de madeira, toda trabalhada por finas mãos. Em volta, um vazio. Eco, sem brisa leve, chuva, muro, cor. E eu me adentrava todas as sextas-feiras tentando buscar o que havia perdido por ali, já na infância, junto com algumas peças do lego. Longas férias, invernos bem quentes, gargalhadas, asas, grama, pernas, meias e casacos de lã, rosquinhas de nata, xícaras de café, terra pra pegar, sentir esparramar pelas mãos bem devagar, e eu, sozinha, rolava pelos cheiros e finais e gostos e toques e agostos inteiros... Até se fazer presente, a amiga primavera e seus ipês, amarelo e rosa, sempre nós três, sentava embaixo das árvores, rolando pelos campos, dançando, arranhando, bebendo, deitando, sentindo...







Fugindo.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Cidades vazias, ventania... Uma falta de poesia ronda a enorme maioria. Ninguém namora mais. Todo mundo acha que vai tampar os problemas com panos quentes se banhando de putaria. E depois que termina? Sobe aquele nojo, aquela simpática grosseria masculina pós-gozo de não querer que a suposta namorada o toque. E ronca. Ronca até amanhecer e levantar com pressa, sem muitas vezes, trocar um olhar sincero. Ah! O tirar da roupa apressado e o colocar mais ainda. É, ninguém namora mais.
Namorar é andar de mãos dadas, gargalhar, procurar desenhos em nuvens. Namorar é suspirar pelos cantos, é sentir saudade de ouvir a voz. Namorar é acompanhar, é ser fiel, é querer que o outro cresça independente de mais nada. E crescer junto. Abraçar, estalar os dedos, chorar até soluçar, se preocupar, fazer só o bem, compartilhar. Namorar é dar de presente bolinha perereca, aquelas de cinquenta centavos. Namorar é cerveja com todos os amigos, sentar na praça, andar de cavalinho, é não ter vergonha de dizer a verdade. É não ter medo. Dar proteção. Namorar é construir um sonho novo a cada dia. É planejar, é o querer verdadeiro. Olhar a lua, cair de bicicleta, desenhar jacarés, sentir a respiração. É andar de ônibus e esperar o destino chegar na sua janela.

Namorar é ser amigo... Mesmo que não passe disso.

Dia 12 de junho, dia dos namorados.
Alguém aí vai comemorar?

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Inspira, ação.

Bem como em cinema, depois que se... claqueteia? Nesse frio eu atuo em período integral dentro da minha própria casa. Já salvei uma vida hoje, mas nada além da minha. Não que eu seja egoísta a ponto... Não, definitivamente! Hoje já beijei, já despi, já briguei, já bati o telefone sem dizer um eu te amo. Audácia! Parece que tenho lá meus oito anos. 

Depois de tanto, resolvi botar meu chapéu de cowboy que estava em cima da vitrola velha, botina, matinho no canto da boca, até fazer nascer um rebolar em meio a sala bem dotado de outras vozes que só eu ouvia. Ainda bem que aqui eu não pago nem um centavo de consumação. Uma garrafa inteira é o que me doma e domina, aos poucos.

Agora, se me dão licença, vou tomar mais uma dose de amor. O garçom já está rondando a minha mesa. E parece que tem pressa pra servir e receber a gorjeta.