quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Ninguém

E não se viu, foi andando, continuou seguindo seu caminho com os calos dos dedos do pé esquerdo arrastando. E a boca espumando, temperatura ambiente um tanto alta, alma fria. E não se via, mas foi andando, mentira dentro da mochila, contradição pulando do abismo que era a mente, a mente que mente. Que graça tem ir embora sozinho? E ele pára e senta em um banquinho. Tira o chambinho tubinho do bolso de fora da bolsa de mão, pensa em seu irmão. Tá lá... Trancado no quarto de cinco paredes, rezando pra poder comprar uma rede, porque outro jeito de encontrar sua paz não se conhece. Mas prefere não se intrometer. Ama cinema, ama poema. Cavou, cavou, cavou, e só ele achou problema. Acontece que na maioria das vezes, a dermatose está na própria pele. E o tratamento, a cada momento, encarece. Já são sete da manhã. Anda mais sete quarteirões, abraça os joelhos pra apanhar uma romã.

De duas uma: ou enxerga o que se mostra, ou vê sempre a versão oposta.
Ao invés de romã, devia ver o amor que lhe era mostrado.
Era tanto, vinha aos montes, enlatado!

Eu sei, às vezes é duro de aprovar. Mas o olhar crítico eu aprendi a ter. Depois de tantas palavras a me bater, resolvi ignorar o sangue, e subir o rio. Nadar na montanha. Banhar-me no mangue. De treze estrelas que havia no seu céu, passei a ter doze. Uma pra cada mês. Ai ai ai que engraçado... Um tanto irônico eu diria. Não, não, ironia não. Coisa de gente fraca que quer ser forte. E quem se julga mais robusto, engana a sorte. Até que a espada o corte! Deus me livre!

Já está tudo traçado, olha só...
Pois por meses estivemos enganados.

Morremos pra voltar a viver, adicionar íris aos novos olhos, aclamar novas dádivas, a alma com mais sede de glória se agita, e você se vê um pouco mais valorizado, de olhos bem cerrados, porque o tapa já foi dado, o machucado, cicatrizado, a cicatriz quase esquecida, mas ninguém nunca revida, mesmo deveras cansado, atordoado, vai pra dança de salão, deixa o peixe nadar, ora, a lã enrola e espanta o frio, acorda a noite, pra cobrir o filho, do chapéu do mágico surge a verdade, e a cada dia que passa, mas se despercebe a tal idade, tira o sossego de dentro do pote de mousse de maracujá, e rema, rema, rema, rema e rema conforme a correnteza lhe põe a mesa do chá das cinco, bolacha amanteigada, o moço, a moça e o clube, e a nudez dos braços, e o conto, e o canto, e os pássaros...

Pensei, apressei o passo...


Já se passaram das sete e quatorze...



Será que esqueci naquela casa o ego, a posse e a pose?