segunda-feira, 25 de agosto de 2008

A única história sem ponto final



Dois personagens, dois protagonistas, dois roteiristas, dois sonoplastas e um só cenário.

Sejam bem vindos ao meu monólogo a dois.

Hoje eu olho pra frente e não vejo o fim da estrada. Olho ao lado e vejo o amado, com um pergaminho e uma caneta, cantarolando uma opereta.

Pois bem, há tempos que não narro o que se passa em nossa peça.

Houve um dia em que a Flor secou. Houve um dia em que a atriz prometeu não mais tropeçar nas pequenas pedras, e nem nas grandes. Houve um dia em que o Poeta pulou a grade, invadiu o palco e fez plantar em seu quintal a Flor-Amor. Arregaçou as mangas, despiu os pés, pegou a terra, cavou o lugar da Flor. Plantou Amor com todo o Amor que há.
Foi neste dia, que ao acordar, ele abriu a janela pra ver o sol, depois de tanto tempo no escuro do seu eu.
Vivia, escrevia, cantava, agonizava querendo achar, mas sem saber onde procurar. Só tinha o porquê.
Não se pode viver sem Amor, sem um par, sem um lar, ar.

Desde então nada tem sido em vão, engatilhou, pólvora, canhão, ninguém segura não!

Acordo e sinto cheiro de chá de morango, sinto o calor, sinto o Amor.
E o Poeta acorda e sente gosto de chá de morango, sente o calor, sente o Amor.

Sente, por entre as cobertas, a resposta de suas perguntas.
Sente o beijo estalado na testa, e o que me resta?

Resta continuar sem pressa, não esquecer da reza, e nem do que mais se preza.
Resta caminhar por entre as montanhas, e sentir pelas entranhas os sonetos e artimanhas.
Resta narrar, sem medo de errar, sem medo de sonhar, amar e poetar.

Em raiz ar ele plantou. O final ninguém contou, ninguém achou nem procurou.

E o ponto final, pra trás ficou

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