domingo, 20 de março de 2011

Dentro de mim mora um homem carrancudo que não gosta quando pisam no seu cadarço enquanto anda pela feira na terça.
Dentro de mim sobra uma mulher que viveu por 18 anos reclamando do sol e brindando a perda simplesmente pelo prazer em se esquivar.
Dentro de mim reza uma vida, essa última, que diz não conseguir terminar de pedir um perdão qualquer.
Dentro de mim tem um espaço enorme, salão de festa, acoplado numa bela sala de estar. E dentro dela é só um sofá. É chegar e sentar, pode pedir um chá.
Dentro de mim com serviço de quarto, biscoito dinamarquês com açúcar de confeiteiro e um pote cheio de bala da infância.
Dentro de mim não falta, é farto, compra de mês pra quatro deles e o quarto é gigante.
Dentro de mim a vontade de gritar uma verdade específica é mensalista. E deixa claro que não vai viajar tão cedo.
Dentro de mim cabe uma jukebox.
Uma jukebox, uma família de retirantes e um campus novinho da do Estado de São Paulo.
Dentro de mim a gente pede sobremesa antes do almoço e caqui é a fruta preferida.


Dentro de você eu só queria um tapete porque o chão parece frio e em pé é que eu não quero ficar.