quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

E a rotina desatina...

Eram quatro letras. Mas só uma era consoante. Achava estranho e vivia lamuriando pelos cantos. Ora! Estranho seria, se das quatro, uma só fosse vogal.


Tomou uma xícara de chá amargo e foi pro trabalho. A mesma coisa de todos os dias: bater o cartão ao entrar pelo portão, trabalhar na linha de produção e voltar pra casa. Mas antes sempre passava na padaria. Três pães franceses, um sonho e uma coca-cola. Era bem raro comprar requeijão.


Ah! Requeijão era luxo. E não jogava fora o potinho, não.

Ia acumulando pra colocar tempero.

Cominho, noz moscada, orégano, salsinha e cebolinha... E se plantando tudo tinha!


A coca-cola era costume... Chamava até de neguinha.

Os pães eram devorados em dois tempos.



E o sonho que ele comprava, todo dia sobrava em cima da mesa.

(Mas dentro do quarto, o que sobrava era beleza!)

Um comentário:

Talita disse...

Lindo demais esse seu texto meu beem :D
ja me cansei de dizer isso, mas eu nao canso de olhar teu blog :)