segunda-feira, 23 de junho de 2008

Ironia.

Coisa fria, o dia já não é mais dia.
Já não há luz, apenas uma cruz que os pequenos carregam.

Ironia.
Eu digo pequenos porque é o que vemos.
A vida faz com que até os engrandecidos diminuam.
Diminuam por causa da fraqueza.
Por causa da agonia do ego. Do egoísmo.
Diminuam diante do dia. Dia ante dia.

Eu rezo e prezo aqueles que vêem apenas a escuridão.

E enquanto grito, o mundo dorme.
Enquanto planejo as crianças passam fome.
Enquanto vivo, o que era pra ser vivo, morre.
Enquanto durmo o relógio corre.
Corre, corre sem parar.

Nós não fazemos nada. Ou até fazemos.
Acordava, ia à padaria. Dava bom dia, a velha sorria com olhos abarrotados de esperança. Esperando mudança.
Mas nossa vida é só festança.
Come, bebe, enche a pança.
E o tempo avança,
você nem ao menos lança alguma lança. (Não alcança.)
Nem balança o esqueleto.
Nem move nem sequer um graveto.
Não tem disposição pra abaixar e apanhá-lo do chão.
Imagina se ele estivesse no topo da árvore?
Não esticaria os pés. Esticaria?

Aprenda que se fizer alguma força, se engrandece. Cresce.
Não se deixe padecer.

2 comentários:

Anônimo disse...

Estreando aqui *-*

Adorei como sempre o texto. Beijo flor !

Paulo Henrique Motta disse...

muito criativo. adorei as aliterações. Parabéns!! mais um poeta na família. agora somos dois. rss