sábado, 11 de julho de 2009

Segurando um caderno preto fosco, engolindo saliva maldita, caiu na esquina depois de tanto beber a angústia que me servira no bar. Eu bebi, sequei os lábios com a manga da camisa social listrada, e olhei naqueles olhos espumando escárnio e talvez até o maldizer. Dançava fingindo ter um pingo de lirismo na cara, mas mal havia meia canção de amigo. Eu bebi, suguei as gotas pálidas com o amor que sempre carreguei por dentro até fazê-las secar, sorri para aqueles lábios encarando a covardia sem querer a ninguém mostrar.

Atuando "Treze cerejas doces", rezou antes de pisar no picadeiro porque aquilo bem era um circo e só eu sabia. Só eu ria ao ver que a platéia era papelão e de papelão se fazia a peça. E uma peça era justamente o que faltava ao trovador. Tinha mãos, pés, chão mas faltava terra pra pisar e amassar. Pra sentir, pra moldar. Cheirava a vodka rala que não tomava. Cheirava a lágrima vazia que não soltava.


Cheirava a mentira e a falsa humildade que pregava.

Um comentário:

L. Lauterjung disse...

amei. principlamente as referencias ao trovadorismo.