terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Essa sou eu. E esse é meu mau humor quando acordo.
Odeio essas paradas de meia hora que os ônibus fazem em Resende. Nunca sei se fico esperando, encalorada, do lado de dentro, ou se saio pra ir ao banheiro cheirando à pinho sol.

Saí. E daqui de fora me vejo lá. Essa sou eu.
Descabelada e sem motivação nenhuma pra arrumar os cabelos. Não tem ninguém interessante por aqui. Quando digo ninguém englobo uma quantidade enorme de pessoas num raio relativamente pequeno. Desde quando larguei tudo o que tinha na lixeira numa quinta, que é quando a Comlurb passa na minha rua recolhendo o lixo, me bateu uma canseira do mundo... E não me arrependo, não.

Os espelhos desse banheiro sempre me agradaram bastante, mas agora eu quero é mesmo que se espatifem, em milhares de pedacinhos. Lavei as mãos como quem tem a remota esperança de ensaboar os problemas e vê-los escorrendo pelos ralos junto com a imundície que carregava entre os dedos. Fui me arrastando até a banca de jornal onde paquerei meias manchetes. Tricampeão. Sorri. Sorri e me arrepiei dos pés a cabeça, lembrando da emoção ao ouvir o apito. Ao piscar os olhos já voltei pro chão que piso. Piso e sinto o peso da carga.

Talvez eu esteja cansada.
Com certeza é cansaço. Eu costumo não ter a percepção do que vem de dentro mas dessa vez foi um pouco diferente.

Essa sou eu. E essa é minha falta de fé quando me importo.
Tentei me pescar de volta, mordi a isca. Mas o pescador, que era eu, resolveu me desprender e soltar de novo no mar de nada.


Mas nada!

Mais nada.


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