terça-feira, 1 de dezembro de 2009
domingo, 29 de novembro de 2009
nove goles
sábado, 12 de setembro de 2009
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
Em busca do meu fabuloso destino
terça-feira, 28 de julho de 2009
sexta-feira, 24 de julho de 2009
sábado, 11 de julho de 2009
sexta-feira, 10 de julho de 2009
Cadê sua arte?
Depois de muito pecar sem poder ver, e não querer o confessar, ora, vergonha do padre é que não era, porque padre era pedra, logo ali no seu chuveiro se banhava, deixava de viver a vida só pra te ouvir.
Mas só ouviu você partir.
Cadê sua arte?
Porque pecar da cena ao encarte, sem nem ousar perguntar pra onde ia todo o dia, depois que sol dormia, traçava as estrelas no céu do quarto, nascia, todavia, após o parto, ligava pra churrascaria e pedia batata frita, farofa e feijão, uma coca de 2 litros e comia sozinho, deitava sozinho. Bagunçava os lençóis pra ficar mais quentinho e escrevia rente ao chão, rabiscava o rodapé com caneta bic vermelha de tampa mordida. Dois nomes, um coração e uma ferida.
Algema a si mesmo no marasmo, no descaso e no torresmo que tá embaixo da sua lama.
Cadê sua arte?
Se escondeu de tanto que você se partia e parte.
E a mim não engana.
Não mais.
Sem você no seu lado da cama meu mundo gira em paz.
domingo, 5 de julho de 2009
sábado, 20 de junho de 2009
quinta-feira, 11 de junho de 2009
quinta-feira, 4 de junho de 2009
Inspira, ação.
domingo, 24 de maio de 2009
Talvez eu esteja cansada.
quarta-feira, 6 de maio de 2009
Sorriso tetânico
Já vem o Carnaval e as marchinhas
alegorias e adereços.
Bateria, folia
e no quarto dia, o sono.
A casa vazia esvazia
um adeus amigo
E cada qual com sua cruz.
Promessas, sacrifícios,
sacrilégios.
E ainda sim é verão.
Ainda é o terceiro verão.
Os dias quentes congelam
E mesmo que verão frio
faz-se inferno
e eu rio.
Falso sorriso
vento sombrio
respiro, suspiro
O plasma escorre pela risada regada
virtude mal lavada.
E os dias se tornam constantes,
sem antítese alguma.
Exceto pela escuridão dos meus dias
e o frio do meu terceiro verão.
sábado, 25 de abril de 2009
A laica
Alta, magra e firme, sorri, exala todo o perfume.
Podre, esponjosa e amanteigada.
Engole todo o azedume.
sexta-feira, 24 de abril de 2009
Cento e dezoito batimentos
Seria injusto com aqueles que ainda não conheceram o meu sorriso. Desculpe-me, mas não suporto a falsa modéstia. Já que estou sozinha neste quarto, posso deixar vazar meus pensamentos egocêntricos sem me preocupar em incomodar o colega ao lado. Ultimamente estou seca. Sem mãos pra cima a agradecer, nem comemorar, nem aplaudir, muito menos de pé. Falta fé. Falta ferro. Cimento e tijolo. Animação só na hora do banho, espumas e bolhas e caras e escovas e águas a sambar pela pele... E escorre, escorre, escorre direto pro ralo. Um nome bem apropriado, eu diria. Eu ralo o dia todo, suo, luto, canso. Ah! Esqueci de comprar lixa de pé. Tô com alguns calos. Mas a ferida não nasceu em nenhuma feira dessa semana. Foi a gandaia de sábado a noite, dancei sozinha pela quadra inteirinha. Segurava a cintura, bem marcada pelo vestido curto e negro como a noite, ou como um dos meus eus, deslizava pelos cantos, na calada da noite calada. Só depois de muitas horas eu peguei os sapatos jogados na grama e segui sentido sentido nenhum.
E não é que de mim mesma arranquei meio sorriso? Pois é, e na manhã seguinte? Maldida gripe. Dia desses foi a enxaqueca que me acordou com a mais bela canção, bem ao pé do ouvido. Nada como um bom despertar! Café na cama, com chá, fruta do conde, café, torradas, manteiga, bala de caramelo, pudim, gelatina, tudo sem açúcar que é pra não engordar. Ganhei seis quilos, acredita? Nem sei como. Tenho tendência a inflar. Tenho tendência a morrer sozinha, a ser mãe solteira, a não dirigir bem, a ter artrite, artrose e arteriosclerose. Tenho que operar meus joelhos, que se moeram depois de suportar o peso. Imagina só... Operar, rasgar, sangrar, dar ponto. Ficaria meio sem sentido eu botar um ponto final aqui, prefiro as vírgulas.
Sempre preferi.
segunda-feira, 20 de abril de 2009
E a vontade.
Prazer, me chamo Rebecca Garcez, adoro poesias, vinhos, banheiras e sou um poço de sinceridade!
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Espião espionado
Um pequeno espião me seguiu e levou embora o que ele viu. O que se viu e se levou, voou, serviu de aviso pro espião desavisado, ora, faz-se louco, desvairado, ao olhar o tablado e perceber que não há ninguém a representar.
Mas a percepção é errada, tem areia, céu, e até estrada em um palco estreito, e o ator impõe respeito de lá de cima, ao dizer que sua rima saiu de dentro do seu eu.
Eu levei o pequeno inocente, frente a tanta gente, gente contente, gente carente, gente doente, e então ele saiu.
Correu, caiu, correu, caiu.
Não mais levantou.
Pois bem, eu esqueci o que não me convém.
E quem ficou, viu, viveu, entendeu, a história pra outro contou?
terça-feira, 14 de abril de 2009
A ante até após, com contra, de desde durante.
Analgésico também serviria. Antibiótico já não adianta. Sabe quando o corpo se acostuma com o veneno que escorre por dentro e se torna imune?
Igual ao meu assassino que ficou solto por aí, impune.
Amarelinha pra brincar eu bem queria... Melancia pra me lambuzar. Adjetivo pra qualificar. Escova pro cabelo, pentear. Música para aos ouvidos encantar. Advérbio pra intensificar. Gosto pro mundo todo saborear. Artigo pra definir. Cores e caras pra pintar. Conjunção pra me conectar.
Triste final, o meu.
A droga que eu preciso, esqueceram de inventar.
segunda-feira, 13 de abril de 2009
Mais relatos de loucuras de amor em vão.
"Fiz o palco do teatro pegar fogo por causa de algumas palavras, rasguei a roupa no meio da avenida, me joguei do abismo da Rua 14. Conversei meia hora com a Doida. Voltei pra casa sábado a noite.
Sem ninguém."
quarta-feira, 8 de abril de 2009
Disparo de disparate
E o mundo perdido no fundo. Do poço.
O choro da criança, o riso do velho e a trapaça do moço...
Nada mais incomoda.
Fingir que quem corre é a avenida e não o carro virou moda.
segunda-feira, 6 de abril de 2009
Pedante.
Partículas de poder partiram o peito do pobre perdedor que praguejava a pereba pequena. Posso perguntar o por quê?
Posso? Porque pedidos e palavras se perderam pelo palco. O porre de picanha e pistache perambulava pelo plágio paciente, pois no principio do meu período pacifico, o pássaro não tinha pena nem pêlo.
Era pura purpurina.
sexta-feira, 27 de março de 2009
Doce Dulce.
Mas aos poucos, a voz falha, a perna cansa, o peso pesa. Já suas palavras nunca morrem. A cada dia que acorda, cria um novo acorde e uma oração.
"Que horas são?"
"São seis e meia."
E de meia em meia hora, a enfermeira ia lá pra fora e lia de jornal a rótulo de inseticida.
Ah! Como eu me lembro da infância ralando o joelho, mas rolando de rir... E na ameixeira eu subia até cair, sempre levantando com o pote e a boca cheia.
A última vez que a vi, foi há alguns dias. Segurou minhas mãos de forma doce e rezou pra que eu, segura, pudesse partir.
E eu fui, mas ela ainda não. Está cansada demais até para o eterno dormir.
Acontece que eu é que não volto! Ir pra casa pra quê? Pra ver, sem querer, um alguém tão querido padecer por causa de tanta ferida?
"Que horas são?"
"São sete e meia!"
Sete flores. Sete versos. Sete cores.
Ainda posso ouvir ela cantando sua cantiga preferida, enquanto me segurava no colo, ainda pequena.
"Tic tac, cambarola. Bate dentro, bate fora!"
E hoje sou eu que canto, lembrando sempre do seu manto e secando todo o pranto.
"Tic tac, cambarola. Bate dentro, bate...
...bate...
...bate?"
quinta-feira, 26 de março de 2009
O inconformado.
Nunca o predicado! Sujeitinho mal caráter... E eu julguei mesmo. Lembrava da cara feia o tempo todo, enquanto andava, enquanto comia, enquanto sambava, enquanto ria... Enquanto eu ia...
Ia, ia, ia... Aí me lembrei do dia em que dei tchau pra covardia e esqueci a melodia exatamente ao meio dia. Era 12 de janeiro, eu achava que tinha deixado o riso inteiro, mas percebi que ele me acompanha.
Quem ficou pra trás, só ficou.
Ficou com as frustrações que tentou colocar na minha mala.
Mas vou te contar bem baixinho, quase sussurrando:
A verdade é que a vontade é a visitante mais passageira!
Fui mais esperta e acertei a nota! Pensou que foi ligeira...
E levou uma rasteira.
O segredo é sempre esse!
Esquecer o que joga, o que xinga e o que frustra.
Junta tudo numa trouxa, tal qual a roupa suja.
A diferença é que não se lava. Bota tudo na lixeira.
Incrível!
Hoje em dia o povo tá sem eira nem beira.
sábado, 21 de março de 2009
Engolindo o seco
Seria perfeito se eu relatasse aqui, uma carta qualquer sem nenhum sentimento.
E depois de tomar meu café amargo com pão amanhecido, só consegui pedir forças pra conseguir viver até daqui a pouco.
Mas mais parece daqui a tanto...
sábado, 7 de março de 2009
Bar, doce bar.
EU LÁ TENHO CARA DE QUEM ESPERA A VIDA INTEIRA? - E se perguntava, impaciente. Quase de forma indecente... Tinha pressa, muita pressa. Sabia muito, sabia de quase tudo. Ou achava que sabia.
ME DÊ MAIS UMA, E CAPRICHA, PORQUE AMANHÃ QUERO NÃO ACORDAR.
Ou acordar e não lembrar das perdas e danos que não foram processados.
Dos processos que não foram ganhos.
Dos ganhos que se transformaram em perdas.
Das tantas cordas que não quiseram me enforcar.
Eu não queria mais respirar...
quarta-feira, 4 de março de 2009
Aflora, flor.
Não importa se flor se rega
ou se só chora.
Não importa nem a hora...
Se se machuca por dentro, ou por fora.
Desde que levante pela manhã e suspire
Desde que sonhe a todo instante
Desde que seja capitã do grande navio e navegue à todo pano...
Que faça do pouco, o inteiro.
E sorria...
Pode se considerar flor, Flor.
Leve feito ar, grande feito mar, nobre infinitivo do verbo AMAR.
Porque este existe e nos alimenta. Não venha me dizer o contrário só por ver padecer aquele que não fez por merecer. Que teve a doçura de seus toques e rimas... E mesmo assim quis ir embora pra casa.
Veja só o que tenho a lhe contar. Escrevi em um pequeno guardanapo, a grandeza desse segredo, e se pudesse lhe enviaria, pra que fosse lido se, por acaso, chegasse a cambalear pelas calçadas.
"Se dotadas de amor, equilíbrio e tranparência
Todas somos flores.
Cada qual com sua essência.
Cada qual com suas fraquezas e dores...
Amores."
sábado, 28 de fevereiro de 2009
Pique-esconde.
Corri até o lago.
Desci as escadas que levavam até o porão.
Passei três vezes pela mesma árvore,
pela estatueta de mármore,
e pelo jardim de margaridas.
Ah! E eu desesperava!
Despetalava,
Me sujava e me lavava
e quanto mais água eu botava,
mais eu me manchava!
Mas no final de cada pique,
no final de cada linha,
eu percebia que cores pra pintar era o que eu mais tinha!
Mas no início de cada palma,
no início de cada poesia,
eu descobria que ainda havia o resto do todo do dia.
E a cada segundo eu me despia.
E a cada roupa que caía, surgia outra melodia.
Nessa de se esconder, me aparecia sempre mais um lago,
mais uma escada,
mais uma árvore,
mais uma estatueta de mármore.
E mais mil e uma margaridas.
Ai, ai, são tantas voltas,
tantas vindas e vidas...
Tantas idas!
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
Avenida do Eu te amo.
Quero lhe contar umas coisas, que por várias vidas me fizeram voltar alguns metros enquanto eu achava que só andava pra frente. Quero lhe perguntar por quanto tempo estive longe. Preciso saber se demorei.
Estou morando em um lugar distante. Seria bom passar uns dias aqui comigo. Não tem nada. Nenhum barulho. Nenhum móvel, nem colchão. Trouxe de casa apenas uns pergaminhos e tinta... Pra te pintar em mim, e me pintar pra você.
O amanhecer aqui é lindo. Me faz lembrar daqueles dias em que você acordava mais cedo por minha causa. Me faz lembrar do cheiro daquela época... Te contei que ela tem cheiro?
E tem som também. Bem baixinho, quase não se ouve. Respiração, e só.
Ontem, antes de me deitar no chão que me falta, revivi seus movimentos, lentos. Até que eles se congelassem, pra eu poder guardar por mais um tempo.
Não sei se você vem, não sei se você volta, ou se vai ler o que senti nesta carta.
Na vedade eu só queria cuspir tudo isso, pra ver se esse eco de um grito sem som chega até aí. Sei que se chegar, vou receber seu sorriso na porta de casa, junto com o escurecer desse céu, que não vejo.
Não gostaria de enviar meu endereço porque eu vivo escondido no meu vazio, e tenho medo de alguém me achar. Espero que o destino envie esta carta empoeirada de lembranças para o destino certo. E quando a receber, cabe a você guardá-la contigo, pra que um dia, caso queira, venha por ela me visitar.
Avenida do Eu te amo, número 7.
Sem complemento... E a cidade você já sabe.
Lembra-se de quando sonhávamos em morar nesse endereço, sem ao menos conhecê-lo? Eu vivia a idealizar, enquanto você ria e dizia: "Só um colchão e uma caneca, não precisamos de mais nenhum adereço!".
E no meu próximo levantar, eu me via sem o meu eu e sem o meu par.
Saiu por aquela porta durante a madrugada. Eu jamais vi.
E hoje, depois de tanto te procurar em outras pessoas, depois de tanto cuidar de você mesmo não sabendo por onde pisas, depois de tanto me perder pela avenida que eu mesmo resido, percebi o meu erro.
Por vidas, caminhei sozinho.
Por vidas, caminhei contigo.
Mas por apenas um dia, eu não quis caminhar.
Justamente nessa mísera falta de vontade, falta de força e coragem, é que pequei. E percebi que talvez por isso você tenha saído pela minha porta, me deixando apenas um bilhete:
"Sabe quando se tem muita fome, e come e come e come, mas nada sacia?".
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
Ninguém
De duas uma: ou enxerga o que se mostra, ou vê sempre a versão oposta.
Ao invés de romã, devia ver o amor que lhe era mostrado.
Era tanto, vinha aos montes, enlatado!
Eu sei, às vezes é duro de aprovar. Mas o olhar crítico eu aprendi a ter. Depois de tantas palavras a me bater, resolvi ignorar o sangue, e subir o rio. Nadar na montanha. Banhar-me no mangue. De treze estrelas que havia no seu céu, passei a ter doze. Uma pra cada mês. Ai ai ai que engraçado... Um tanto irônico eu diria. Não, não, ironia não. Coisa de gente fraca que quer ser forte. E quem se julga mais robusto, engana a sorte. Até que a espada o corte! Deus me livre!
Já está tudo traçado, olha só...
Pois por meses estivemos enganados.
Morremos pra voltar a viver, adicionar íris aos novos olhos, aclamar novas dádivas, a alma com mais sede de glória se agita, e você se vê um pouco mais valorizado, de olhos bem cerrados, porque o tapa já foi dado, o machucado, cicatrizado, a cicatriz quase esquecida, mas ninguém nunca revida, mesmo deveras cansado, atordoado, vai pra dança de salão, deixa o peixe nadar, ora, a lã enrola e espanta o frio, acorda a noite, pra cobrir o filho, do chapéu do mágico surge a verdade, e a cada dia que passa, mas se despercebe a tal idade, tira o sossego de dentro do pote de mousse de maracujá, e rema, rema, rema, rema e rema conforme a correnteza lhe põe a mesa do chá das cinco, bolacha amanteigada, o moço, a moça e o clube, e a nudez dos braços, e o conto, e o canto, e os pássaros...
Pensei, apressei o passo...
Já se passaram das sete e quatorze...
Será que esqueci naquela casa o ego, a posse e a pose?
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
Reino de Papelão
Sem cor, mas com cheiro, talvez feito de amor, surgiu como o mar
e sumiu como ar
Eu não lastimei, mas senti a pontada
e depois passei uma daquelas pomadas, pra tentar aliviar.
Feito de açúcar sem ser refinado, tinha cortinas de fino trato
e a muralha que cercava era uma fita branca de cetim
E eu a sorrir, esperava o banquete e meus convidados.
Ilusão doce como a sobremesa, porque dentro de toda a beleza
só cabia a mim.
Ilusão amarga como coentro,
eu era o centro.
E no resto da sala
eu só via a porta.
E a minha enorme mala.
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
Corte.
entre a avenida e a chama, entre a chama e o cano, entre o cano e a cama,
entre a cama e a palma, entre a palma e a pluma, entre a pluma e a calma.
Entre a garganta e a santa, entre a santa e o mundo, entre o mundo e quem canta,
entre o canto e a alegria, entre a alegria e o chá, entre o chá e a alergia,
entre a alergia e a tinta, entre a tinta e a pele, entre a pele e a pinta.
Entre o curativo e o corte.
Entre o certo e a sorte...
Entre a vida e a morte.
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
Ontem eu fui dormir e acordei com asas.
Eu juro. Foi incrível!
É que eu não dormi sozinha, sabe.
Tinha uma ausência presente.
E foi mesmo um presente.
Engraçado que a gente sempre acha que nunca vai viver nada melhor do que aquilo que já foi vivido.
Nada melhor do que aqueles dias em que você acorda e continua deitado até voltar a dormir.
Nada melhor do que aquelas horas que você passa sentado lendo uma vida, ou em movimento, procurando o seu verdadeiro sou pra poder atingir o orgasmo do seu verdadeiro eu.
Eu vivi tudo isso.
Tudinho mesmo.
Pois bem!
Alguém aí escreveu em um pergaminho empoeirado e cheio de traças, que quando você dorme com asas e acorda sem elas, você percebe que na verdade nunca teve o que prometeram lhe dar.
Eu vou sussurrar pra você... A solução é sempre a mesma: um tapa, uma concha cheia de feijão e uma aspirina.
E então, eu que me via com tapa, mas sem concha de feijão e sem aspirina, fui dormir e acordei com asas.
Eu juro. Foi incrível!
É que eu não dormi sozinha, sabe.
Sabe?
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
Saudade do futuro.
e se banham com o orvalho das cinco.
E se vestem com o abraço de boas vindas
e se abraçam com a contagem das horas.
E cozinham os próprios olhares
e se olham com os próprios sorrisos.
Se arranham a cada toque
e se tocam a cada respingo.
Bebem aqueles suspiros...
e suspiram com os poucos minutos.
E então, o primeiro deles se esparrama em meio à tanta...
Tinta?
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
Lama e lamúria.
Eu devia jogar fora o ursinho de pelúcia sujo de poeira e lavado de lembranças
Eu devia olhar pra frente e conseguir fazer diferente.
Mas é quase sempre do mesmo jeito.
Eu luto e sangro, só pra ver surgir o efeito.
E então prometi,
prometi seguir sem cair.
Só falta achar o corrimão da escada sem perdão
Só falta um pouco de ar pra respirar
Água pra hidratar
Tinta pra me pintar.
Só falta lua, só falta sono.
Só falta.
O que eu tenho?
A noite escura.
A noite cura?
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
A doida da Rua 14
Eu tenho que ir ali pegar o cortador de unha, ta precisando mesmo de uma poda... Não ta? Ou só tirar o esmalte já adianta? Estou bem pouco me lixando... Será que se eu lixar... Melhora?
Acho que ouvi alguém bater na porta. Pode entrar, meu senhor. O que deseja?
Quem? Alice? Não... Alice não morreu não. Sabe por quê?
*Sussurrando* Ela ta ali em cima, dormindo. É... Ali em cima sim! No meu quarto... Por isso que eu fico aqui na sala, entende? Você não entende... Não pode entender... E fala mais baixo senão ela desperta.
Ah... É tão lindo ver ela acordando... Aceita um chá?
Se aconchegue... Eu vou ali pegar o jogo de xícaras.
Esse aqui eu ganhei no meu casamento... De uma tia minha do Peru. Bonito, né?
Os outros quebraram na mudança. Meu marido, coitado, ficou arrasado quando viu que perdemos as taças também. Ele sempre falava que ia usar quando a Alice se formasse na faculdade.
Mas aí ela dormiu e nem viu... Ele foi comprar leite, e por sinal ta demorando. Que horas são, meu filho? Já são cinco horas? Ele prometeu que voltava às cinco.
E os dias passam, e as cinco horas vão aumentando... aumentando... e pin! Nada!
Eu nem sei porque ainda insisto em pentear os fios brancos da minha cabeça e lavá-los todo dia com meu shampoo de romã depois que descasco as cebolas.
Papai adorava. Mesmo já capenga, ele cheirava meus cabelos e chorava. Chorava tanto, o pobre. Dizia que tinha medo de enlouquecer também. E eu respondia:
- Papai, o problema é a transição entre a sanidade e a loucura.
Mas eu sei bem que era mentira.
Eu não sei de muita coisa, sabe... Eu acho até meio louco falar isso. Tenho medo da minha risada descrente. Só isso que eu sinto.
Cadê o cortador de unhas? Ele estava bem aqui.
Ah meu Deus, o cachorro já está latindo pra aquele maldito gato cinza da vizinha! Não sei porque cargas d’água ela não dá logo um veneno pra ele. Roubou meu queijo ralado, dia desses.
sábado, 17 de janeiro de 2009
Diário de meia vida inventada.
Levantou, procurou o cheiro pelos lençóis, calçou os chinelos de pano e seguiu até a cozinha.
Lembrou das caixas de chá que deixara para trás depois que seguiu viagem, abaixou a cabeça lentamente, sentiu vontade de voltar pra casa.
Mas já estava nela.
Quarta-feira, 14 de janeiro de 2009.
Levantou, achou o cheiro pelos lençóis, vestiu a camiseta que se via no chão da sala e seguiu até a cozinha.
Deparou-se com a mesa posta, tomada por xícaras de todas as cores falidas ou com vida, levantou a cabeça lentamente, sentiu vontade de voltar pra cama e sorrir.
E o fez!
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
Maldita (ou não) auto-afirmação!
Ou talvez nada além de Amor.
Eu sou Flor!
E nesse tempo aqui, espantando os insetos ou chutando os ratos, vi surgir (de dentro dos bueiros) a multidão suja e egoísta. Até que resolvi caminhar um pouco mais.
Sou da casa sem gente vazia, do cheiro de erva cidreira.
Das mãos munidas de força, caneta, papel e, por favor, uma xícara de chá.
Mundo mudo e imundo, manda aí uma verdade, um dó menor e alguma poesia.
quinta-feira, 1 de janeiro de 2009
Relatos de loucuras de amor em vão.
"Já cheguei a tomar seis copos de feijão com geléia de mocotó no gargalo, já me joguei na frente do trem... Já até tomei dois frascos de tinta nanquim! Sem contar a cola de sapateiro que passei no sanduíche."