De política tinha nada
De justa, o fardo, as costas e o copo
Grande feito aqueles outros
Montes, colinas, picos, como queira
Só sabia discutir um assunto
Desses que parecem sem eira nem beira.
Amores, um punhado
um apanhado em suas gavetas
Guardava as cartas, anéis e as mágoas
E na roda se fazia, de todas, a mais amante.
Não a julgo não
Aqui eu cuspo qualquer frase feita de esquerda
Mas por dentro, do lado esquerdo é sempre oco.
É sempre um eco.
terça-feira, 29 de março de 2011
sábado, 26 de março de 2011
Naquela hora só pensava no que eu escreveria ao pisar em casa, me jogar na cama com os contos e deixar escorrer mais aquela verdade.
Queria trazer a lua pra dentro de mim, ou pendurar no quarto de uma sexta que tinha tudo pra ser só uma sexta como qualquer outra quinta.
Queria construir um castelo com meus próprios dedos. Reino, servo, coroa e banquete. Surpresa, um, dois, três, doze mil oitocentos e setenta e nove e até contar todo o incontável daria pra dar a volta ao mundo com você no 2113.
Queria conseguir ficar brava e fazer cara de é verdade pra você acreditar e se afogar em mil desculpas prometo não fazer mais.
Queria apagar esse seu eu quase monocromático pra fazer de dois um três e te banhar no meu bom gosto às quartas e domingos.
Queria Enya feat Gritando HC pra misturar feito aquarela e no pincel fazer o roxo com seu azul e o meu vermelho.
Unir todos os gostos e rostos, toques e um toldo bem no meio da praia vermelha, que aquela única luz iluminasse suas costas e que não estivesse tão frio.
Ferver numa panela de pressão nossas histórias com salsinha, alecrim, cebolinha, sal, alho, um vidro inteiro de tempero e fazer o cheiro exalar por todas as cozinhas.
Confeitos e velas, enfeites e bolas, retalhos, ampulheta pra medir o tempo que é pouco, um tanto tonto e ainda assim simétrico e ensaiado.
Copos coloridos, uma cesta de novelo de lã, eu queria mesmo só a primeira pessoa do plural e conseguir explicar exatamente o que eu sinto.
Calhou de, dessa vez, eu ter meia folha de papel e uma caneta.
Só vim aqui te avisar que vou começar a escrever.
Betina.
Queria trazer a lua pra dentro de mim, ou pendurar no quarto de uma sexta que tinha tudo pra ser só uma sexta como qualquer outra quinta.
Queria construir um castelo com meus próprios dedos. Reino, servo, coroa e banquete. Surpresa, um, dois, três, doze mil oitocentos e setenta e nove e até contar todo o incontável daria pra dar a volta ao mundo com você no 2113.
Queria conseguir ficar brava e fazer cara de é verdade pra você acreditar e se afogar em mil desculpas prometo não fazer mais.
Queria apagar esse seu eu quase monocromático pra fazer de dois um três e te banhar no meu bom gosto às quartas e domingos.
Queria Enya feat Gritando HC pra misturar feito aquarela e no pincel fazer o roxo com seu azul e o meu vermelho.
Unir todos os gostos e rostos, toques e um toldo bem no meio da praia vermelha, que aquela única luz iluminasse suas costas e que não estivesse tão frio.
Ferver numa panela de pressão nossas histórias com salsinha, alecrim, cebolinha, sal, alho, um vidro inteiro de tempero e fazer o cheiro exalar por todas as cozinhas.
Confeitos e velas, enfeites e bolas, retalhos, ampulheta pra medir o tempo que é pouco, um tanto tonto e ainda assim simétrico e ensaiado.
Copos coloridos, uma cesta de novelo de lã, eu queria mesmo só a primeira pessoa do plural e conseguir explicar exatamente o que eu sinto.
Calhou de, dessa vez, eu ter meia folha de papel e uma caneta.
Só vim aqui te avisar que vou começar a escrever.
Betina.
terça-feira, 22 de março de 2011
Apesar da cabeça pesar mais que dois daqueles carros enormes que os super humanos conseguem puxar por metros e metros, apesar das pernas trêmulas, dos pés vermelhos e de toda a fadiga, eu correria na orla do leme até onde quer que fosse só pra parar, apoiar as mãos nos joelhos, cerrar os olhos pro sol e dar um sorriso.
domingo, 20 de março de 2011
Dentro de mim mora um homem carrancudo que não gosta quando pisam no seu cadarço enquanto anda pela feira na terça.
Dentro de mim sobra uma mulher que viveu por 18 anos reclamando do sol e brindando a perda simplesmente pelo prazer em se esquivar.
Dentro de mim reza uma vida, essa última, que diz não conseguir terminar de pedir um perdão qualquer.
Dentro de mim tem um espaço enorme, salão de festa, acoplado numa bela sala de estar. E dentro dela é só um sofá. É chegar e sentar, pode pedir um chá.
Dentro de mim com serviço de quarto, biscoito dinamarquês com açúcar de confeiteiro e um pote cheio de bala da infância.
Dentro de mim não falta, é farto, compra de mês pra quatro deles e o quarto é gigante.
Dentro de mim a vontade de gritar uma verdade específica é mensalista. E deixa claro que não vai viajar tão cedo.
Dentro de mim cabe uma jukebox.
Uma jukebox, uma família de retirantes e um campus novinho da do Estado de São Paulo.
Dentro de mim a gente pede sobremesa antes do almoço e caqui é a fruta preferida.
Dentro de você eu só queria um tapete porque o chão parece frio e em pé é que eu não quero ficar.
Dentro de mim sobra uma mulher que viveu por 18 anos reclamando do sol e brindando a perda simplesmente pelo prazer em se esquivar.
Dentro de mim reza uma vida, essa última, que diz não conseguir terminar de pedir um perdão qualquer.
Dentro de mim tem um espaço enorme, salão de festa, acoplado numa bela sala de estar. E dentro dela é só um sofá. É chegar e sentar, pode pedir um chá.
Dentro de mim com serviço de quarto, biscoito dinamarquês com açúcar de confeiteiro e um pote cheio de bala da infância.
Dentro de mim não falta, é farto, compra de mês pra quatro deles e o quarto é gigante.
Dentro de mim a vontade de gritar uma verdade específica é mensalista. E deixa claro que não vai viajar tão cedo.
Dentro de mim cabe uma jukebox.
Uma jukebox, uma família de retirantes e um campus novinho da do Estado de São Paulo.
Dentro de mim a gente pede sobremesa antes do almoço e caqui é a fruta preferida.
Dentro de você eu só queria um tapete porque o chão parece frio e em pé é que eu não quero ficar.
Vinha cantarolando sozinha pela Pasteur depois das dez, marcava os passos, dava o compasso até virar a esquina de casa e tocar a campainha. Entrava e pisava firme pela escada; menos dia desses quando revirou a gaveta da cômoda abarrotada e encontrou o velho pedaço de papel enrolado em um tempo que se congelou esperando as pessoas começarem a se mover, mas parecia nao transparecer o real sentido. A manivela era a súplica emperrada, enquanto ela vinha cantarolando sozinha pela Pasteur depois das dez fingindo que a vida continuava a andar pra frente pra não se ver jogada lá atrás com a resposta da pergunta que não ousou pensar em fazer.
sexta-feira, 18 de março de 2011
Foi, de todos, o primeiro a me estender a mão. Abriu o sorriso, sempre cortês, pediu permissão. Costumava aparecer depois das cinco pra me acompanhar assistindo a novela. Jantava e eu o levava até o portão. Rotina nunca interrompida até o vigésimo sétimo mês. Comemoramos com um jantar a luz de velas e desgosto de sobremesa. Depois que pisei no penúltimo degrau da escada senti forte sua mão a me sufocar. Apertava com força e me pedia pelo amor de Deus pra não gritar. "Eu prometo que não vai sentir, eu prometo, vem quietinha, não me complica..." e ria, achava que eu ia gostar. De resto, me lembro da gota quente que escorria pela maçã do rosto, do gosto salgado dessa única lágrima que desceu morrendo de medo de fazer algum barulho.
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