domingo, 2 de outubro de 2011

terça-feira, 30 de agosto de 2011

"Aqui na Urca é só milionário!"

Balbuciava ao se mostrar lúcido por inteiro, passando pela cabeça sem cabelos, o peito sem camisa, joelhos, pernas e pés sem qualquer calçado.

"Vocês dois aí! Milionários! E não dão nada. Nem olham pra gente, a gente fala sozinho pelos cantos e vocês são milionários! Cês tem casa, tem carro, tem dinheiro pro mês inteiro, aí nem precisam falar com ninguém...


Coitados."


E quando não consigo virar a angústia em arte eu deito sem me preocupar com os cabelos. Que bem me importa se eles caem, amarrotam e desamarram, os penteados já passaram do tempo, não se usa mais coque quem dirá um permanente. Terapeuta também saiu de moda e rascunhar um conto erótico talvez pudesse me adiar o melodrama.

O pior pesadelo de quem faz do choro cor é não ter aquarela pra compor as paredes.


segunda-feira, 25 de julho de 2011

Me internaram há 7 anos e há 7 anos eu não sei que horas são. De um sonho insano pra cá eu acordo em cima desses lençóis azuis da Clínica Mariana.
Sempre vi loucura onde não tinha, e quando havia eu era cega. Até que numa única vez a claridade fez com que eu notasse o feixe tênue que me separava dos ensandecidos. Talvez vocês nem concordem, talvez achem que é coisa da minha cabeça e talvez até seja. Mas da ponta daquele iceberg eu não vi só dez por cento. Eu vi três, eu vi dois. Eu vi nenhum.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Hoje eu quero que você esqueça tudo que de ruim te disseram um dia, vem me ler com o coração tranquilo e deixa o sentimento mais puro que você guarda aí dentro ficar a vontade.
O que eu tenho pra te escrever é transparente feito as águas de um lugar que quero te levar nas nossas férias. Você vive em mim e eu não quero que seja diferente em momento nenhum dessas duas-uma vida, mesmo se chegar aquela hora em que falta um pouco de cor. Vou arremessar pra longe qualquer miséria, qualquer falha, qualquer pedaço de qualquer linha que não seja torta. Eu gosto de me sentir útil pro seu sorriso e não me importo em fingir que não me importo com o seu me descartar. Senti agora o gosto salgado de não poder ser sempre seu par...

Talvez a diferença esteja no silêncio dos outros. No nosso silêncio ainda tem o sussurro de uma batida que você ouve quando deita no meu peito antes de dormir.




Betina
Estourei miolos e a culpa toda foi do maldito fone que gritava em meu ouvido guitarras oitavadas, uma única nota exalava de mim a vontade de sentar com a privada e vomitar, beber e contar qualquer cantiga. Eu não mais me engano, não. Ninguém nem precisa ousar se preocupar em perder os cabelos porque minha boca fala, fala, fala demais e hoje eu sei que quando piso vai ser fundo, perigo é torcer o pé e cair de cara, que, agora, aqui em frente é indiferente, feição de quem não quer sair do casulo, tá frio e chove. Tá frio, chove e pra mim ainda é segunda, segundo os meus princípios o reino não vai dormir. Ontem era tudo mentira e na lógica formal quando se descobre a verdade é melhor agarrar essas cortinas sem soltar nem por um dia. Vou ali fora fazer isso mas me falta levantar. Pedi queijo e veio leite quente.






Desculpa, arrotei.

sábado, 14 de maio de 2011

I.

- Você já esteve aqui.
- Por que acha isso? Te lembrei outra pessoa?
- Talvez. Pelo seu jeito de agir... Eu sei que sabe que já esteve aqui.
- Deve ter sido meu irmão.
- Ou você estava muito bêbado.
- Também tive a impressão de já ter estado aqui. Não exatamente aqui.
- Um outro aqui que não esse. Aqui desse lado de outra cama.
- Como ele se chamava?
- Tiago.
- E como você se chamava aquele dia?
- Provavelmente Mariana.
- Me conta como foi.
- Você não me paga por hora pra me ouvir contar histórias.
- Mas hoje saí de casa buscando exatamente isso.
- Devia ter ido a uma daquelas praças de idosos ou qualquer coisa que o valha, e não ligado pra uma mulher como eu.
- Depois a gente faz sexo.
- Tá!
- Agora conta.
- Era uma terça a noite. Era um desses homens passageiros que gostam de marcar território com amores... Queria porque queria me beijar. Disse que não trabalhava com esse tipo de coisa. Reclamou que eu não olhava em seus olhos. Um carente!
- E você uma fraca.
- Tentava me prender com o olhar. Há meses eu não me envolvia com um dos meus daquela forma. Argumentava sem descanso e prometia não ligar pro que eu fazia. "Não se beija puta", eu dizia. "Não trabalho com esse tipo de coisa". Ficava repetindo. Mas os olhos condenavam o desejo incontrolável por um beijo e não por uma noite inteira. Me apaixonei em cinco minutos e em cinco segundos me via entrelaçada por aqueles braços que me acariciavam como se eu fosse uma mãe de família.
- Nunca mais o viu?
- Nunca mais.
- Nem nunca telefonou?
- Nem morto de bêbado sedento por diversão.
- Uma pena!
- Pois é...
- Vocês se casariam.
- Pois não.
- É verdade! Vi seus gestos denunciando.
- Puta não se casa.
- Você não seria mais uma delas.
- As profissionais jamais largam o ofício.
- Você não é profissional.
- Como não?
- Putas não se apaixonam em cinco minutos.
- De fato.
- Elas fazem os outros se apaixonarem.
- Nunca fiz nenhum.
- Fez sim.
- Eu não.
- Mariana sim.
- Mariana sim, eu não.
- Hoje quem você é?
- Hoje sou nenhuma.
- Como nenhuma? Tem que ser ao menos uma.
- Não quero. Você conseguiu! Não to mais inspirada.
- E o meu dinheiro?
- Te devolvo.
- Pensando bem, não precisa. Já sei quem você é hoje.
- Quem?
- Mariana.
- Não, ela nunca mais apareceu por aqui.

II.

- Como você quer agora?
- Espera, eu to cansado.
- Te preparo um drink.
- Hm, você é boa nisso. Algum custo adicional?
- Para de ser bobo!
- Viu só como não é profissional?
- Eu que quero beber. Aqui em casa não falta bebida. Só quis ser educada.
- Educada você foi aqui em cima. Obedeceu direitinho.
- Não costumo obedecer. Costumo mandar.
- Ah, tá bom! E essa cara de submissa?
- Que cara de submissa?
- Essa sua aí!
- Não me faça rir.
- Pede uma pizza?
- Tá falando sério?
- Eu pago.
- Meia margherita, meia calabresa.
- Feito!

III.

- Você é divertida.
- Eu não.
- Mariana sim.
- Mariana sim, eu não.
- To te falando que está sendo ela comigo e você custa a acreditar...
- Droga!
- Por que tem tanto medo?
- Não tenho medo. Nunca tive.
- Você não vai me ver amanhã, não precisa mentir.
- É porque não me lembra coisas boas.
- O amor?
- É!
- Nunca lembra.
- Deveria.
- Deveria, mas não lembra. O que fizeram com você?
- Me beijaram.
- Como o Tiago?
- Exatamente como ele. Agora para de querer ser psicólogo.
- Minhas horas ainda correm. Tenho bastante tempo.
- E se eu não quiser me abrir?
- Como se já não tivesse se aberto...
- Você é sujo!
- Sabe que não. Me deixa brincar!
- Você é outro carente.
- E você não se cansa de ser fraca.
- Não sou fraca.
- Mas sente medo.
- Você também já sentiu.
- Mas nunca deixei de fazer nada por medo.
- Nem eu, ora!
- Claro que sim.
- Eu deixei ele me beijar. Não fala o que você não sabe.
- Mas aposto que realmente disse adeus na despedida.
- Disse.
- Então!
- Então nada!
- Você deveria ir atrás, sabia?
- Maluco compulsivo por amor.
- "Oi Tiago... É Mariana..."
- Sem debochar! Não vou atrás.
- Vai sim, sei que vai.
- Vou é subir em você.

IV.

- Acho que você exerce bem a profissão.
- Obrigada!
- To falando sério.
- E eu to agradecendo sério.
- Mas já deu minha hora. Me convida pra dormir aqui?
- Claro que não. Talvez ainda consiga mais um essa noite...
- Mais um? Essa NOITE? São 9 horas da manhã, garota!
- São 9 horas da manhã e o banco fecha às 4! Tenho duas contas pra pagar.
- Você é divertida.
- Já disse isso e eu já disse que não sou não.
- Ô mulherzinha complicada. Fujo das complicações da minha pra achar mais umas em você. De que adianta?
- Satisfação garantida ou o seu dinheiro de volta. Tá ali na mesinha, quer que eu pegue?
- Claro que não.
- Então até.
- Até quando?
- Até nunca mais.
- Até, meu amor. Eu te amo. Jantamos às onze.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Em cima do muro, olhava pra frente:

"É torto."

Silêncio.

"É torto feito a gente."





Milimetricamente imperfeito. Simetricamente incomum.
Inconfundivelmente, um par.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Incesto

Arranhava com a ponta do lápis um pedacinho mísero de papel amassado, quase rasgando, arrastava um dedo sobre o outro, um movimento forte que marcava o tempo certo, de oito em oito carícias olhava pro lado pra vê-la dormir. Trocava a noite pelo dia como quem troca sorvete por batata frita, e dessa última comia os dois juntos, comia como se fosse a última coisa a engolir todas as noites. O humor tinha sido exilado, e no exílio levou também as preces, aquelas anotadas no rodapé do panfleto da igreja logo após desistir da ave maria; mas o pai nosso rezava todos os dias depois do primeiro ato.






"Agora o meu coração tá tranquilo."

terça-feira, 29 de março de 2011

De política tinha nada
De justa, o fardo, as costas e o copo
Grande feito aqueles outros
Montes, colinas, picos, como queira
Só sabia discutir um assunto
Desses que parecem sem eira nem beira.
Amores, um punhado
um apanhado em suas gavetas
Guardava as cartas, anéis e as mágoas
E na roda se fazia, de todas, a mais amante.
Não a julgo não
Aqui eu cuspo qualquer frase feita de esquerda
Mas por dentro, do lado esquerdo é sempre oco.

É sempre um eco.

sábado, 26 de março de 2011

Naquela hora só pensava no que eu escreveria ao pisar em casa, me jogar na cama com os contos e deixar escorrer mais aquela verdade.
Queria trazer a lua pra dentro de mim, ou pendurar no quarto de uma sexta que tinha tudo pra ser só uma sexta como qualquer outra quinta.
Queria construir um castelo com meus próprios dedos. Reino, servo, coroa e banquete. Surpresa, um, dois, três, doze mil oitocentos e setenta e nove e até contar todo o incontável daria pra dar a volta ao mundo com você no 2113.
Queria conseguir ficar brava e fazer cara de é verdade pra você acreditar e se afogar em mil desculpas prometo não fazer mais.
Queria apagar esse seu eu quase monocromático pra fazer de dois um três e te banhar no meu bom gosto às quartas e domingos.
Queria Enya feat Gritando HC pra misturar feito aquarela e no pincel fazer o roxo com seu azul e o meu vermelho.
Unir todos os gostos e rostos, toques e um toldo bem no meio da praia vermelha, que aquela única luz iluminasse suas costas e que não estivesse tão frio.
Ferver numa panela de pressão nossas histórias com salsinha, alecrim, cebolinha, sal, alho, um vidro inteiro de tempero e fazer o cheiro exalar por todas as cozinhas.
Confeitos e velas, enfeites e bolas, retalhos, ampulheta pra medir o tempo que é pouco, um tanto tonto e ainda assim simétrico e ensaiado.
Copos coloridos, uma cesta de novelo de lã, eu queria mesmo só a primeira pessoa do plural e conseguir explicar exatamente o que eu sinto.


Calhou de, dessa vez, eu ter meia folha de papel e uma caneta.
Só vim aqui te avisar que vou começar a escrever.




Betina.

terça-feira, 22 de março de 2011

Apesar da cabeça pesar mais que dois daqueles carros enormes que os super humanos conseguem puxar por metros e metros, apesar das pernas trêmulas, dos pés vermelhos e de toda a fadiga, eu correria na orla do leme até onde quer que fosse só pra parar, apoiar as mãos nos joelhos, cerrar os olhos pro sol e dar um sorriso.

domingo, 20 de março de 2011

Dentro de mim mora um homem carrancudo que não gosta quando pisam no seu cadarço enquanto anda pela feira na terça.
Dentro de mim sobra uma mulher que viveu por 18 anos reclamando do sol e brindando a perda simplesmente pelo prazer em se esquivar.
Dentro de mim reza uma vida, essa última, que diz não conseguir terminar de pedir um perdão qualquer.
Dentro de mim tem um espaço enorme, salão de festa, acoplado numa bela sala de estar. E dentro dela é só um sofá. É chegar e sentar, pode pedir um chá.
Dentro de mim com serviço de quarto, biscoito dinamarquês com açúcar de confeiteiro e um pote cheio de bala da infância.
Dentro de mim não falta, é farto, compra de mês pra quatro deles e o quarto é gigante.
Dentro de mim a vontade de gritar uma verdade específica é mensalista. E deixa claro que não vai viajar tão cedo.
Dentro de mim cabe uma jukebox.
Uma jukebox, uma família de retirantes e um campus novinho da do Estado de São Paulo.
Dentro de mim a gente pede sobremesa antes do almoço e caqui é a fruta preferida.


Dentro de você eu só queria um tapete porque o chão parece frio e em pé é que eu não quero ficar.
Vinha cantarolando sozinha pela Pasteur depois das dez, marcava os passos, dava o compasso até virar a esquina de casa e tocar a campainha. Entrava e pisava firme pela escada; menos dia desses quando revirou a gaveta da cômoda abarrotada e encontrou o velho pedaço de papel enrolado em um tempo que se congelou esperando as pessoas começarem a se mover, mas parecia nao transparecer o real sentido. A manivela era a súplica emperrada, enquanto ela vinha cantarolando sozinha pela Pasteur depois das dez fingindo que a vida continuava a andar pra frente pra não se ver jogada lá atrás com a resposta da pergunta que não ousou pensar em fazer.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Foi, de todos, o primeiro a me estender a mão. Abriu o sorriso, sempre cortês, pediu permissão. Costumava aparecer depois das cinco pra me acompanhar assistindo a novela. Jantava e eu o levava até o portão. Rotina nunca interrompida até o vigésimo sétimo mês. Comemoramos com um jantar a luz de velas e desgosto de sobremesa. Depois que pisei no penúltimo degrau da escada senti forte sua mão a me sufocar. Apertava com força e me pedia pelo amor de Deus pra não gritar. "Eu prometo que não vai sentir, eu prometo, vem quietinha, não me complica..." e ria, achava que eu ia gostar. De resto, me lembro da gota quente que escorria pela maçã do rosto, do gosto salgado dessa única lágrima que desceu morrendo de medo de fazer algum barulho.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Não vou escrever mais nenhum verso ao pensar em seus olhos exalando verdade, em seu sorriso que dizia o que eu sempre quis ouvir, em sua forma de me incluir na conversa da roda de nossos amigos. Não vou mais expressar quão encantada fiquei desde a primeira vez. Nem vou citar, nem vou cogitar citar que minhas gargalhadas foram as mais soltas, tal qual numa dança. Tão livre e ao mesmo tempo tão ensaiada... Daquelas que eu sei que você sabe que faço embaixo de chuva.
Cheguei a acreditar que eu era diferente, que você era diferente, que seríamos diferentes juntos.

E fui embora, dessa vez olhando pra trás a cada passo dado. O rastro passou a ser apenas um recado disfarçado na cômoda abarrotada ao lado da cama:
"Ainda espero a resposta da pergunta que nem cheguei a lhe fazer."

sábado, 22 de janeiro de 2011

Ontem eu saí. Estava em casa, fui comprar bebida, voltei, bebi, me arrumei, bebi e saí.

Saí como quem sai de si pra procurar algo por lá. Ali fora era frio e tudo o que eu via escapava dos meus olhos. A cada compasso um grupo puxava o foco, num jogo cênico involuntário.

Não faz sentido algum desejar a superfície. Eu passava e aqueles homens passeavam as mãos na minha barriga, pegavam no meu braço, murmuravam meias palavras numa disputa carnal que parecia valer a vida. E valia. Valia o ego e isso pra eles era um inteiro.

Me deu saudade de me sentir desejada por dentro, saudade da conquista, dos começos, dos meios e dos recomeços. Me deu saudade da saudade. Da espera, dos suspiros, dos atrasos, dos descasos, do desgaste.


Cheguei a suplicar pela despedida.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Destilei minha piedade. Gritei. Ela abriu os olhos.
Continuei arranhando o antebraço, pra que sentisse minhas unhas afiadas. A mordaça começava a sufocar. Abafadas, as súplicas não me pareciam audíveis. Que pena.
Vai ter que continuar amordaçada, sem dizer o que precisa. Você não diz o que sente, não pode. Não me venha com esse ar de gente que sente. VOCÊ NÃO SENTE. Não aprendeu o que ensinei, é isso que acontece com quem não faz lição de casa.
Lembrei da lança de cobre afiada exposta na sala, porque eu gosto de ostentar. Doze passos daqui até lá. Encarei aquele rosto, macio, os cabelos cheirando a romã. Saí me enroscando por entre as paredes, por entre as lembranças, me enroscando até chegar onde eu queria. Agora faltam sete. Me curvo diante do que me parece reverenciável, diante do sangue, da dor, da lágrima quente que escorria daqueles olhos castranhos. Não me dei por satisfeito, ela estava quieta demais. Ameaça é coisa de gente fraca. Inocente. De gente que sente e acorda com a certeza de que todo mundo sente a mesma coisa... Idiotas. A ferida aberta da perna direita me chamava atenção. Não pude resistir, precisava cavar a dor, precisava fazer com que ela soubesse da metade do que passei depois que fechamos a caixinha de música. Fiz duas cicatrizes nas maçãs do rosto, bem fundas.



Que é pra ela nunca me esquecer.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Um quadro em preto e cinza ocupava a parede principal do quarto vazio. O inverno de uma cidade distante me beijava e dizia boa noite sempre as 9:38, após lavar bem as mãos. Mania. Ajoelhava, com o terço apanhado e suplicava proteção. Enquanto o sereno, sempre sutil vinha deixar a alma ainda mais fria. O coração, a bater bem fraquinho, já não tinha cor. Tal qual o quadro. Faltava um amarelo ouro, azul piscina, rosa, vermelho, verde e o tom alaranjado pra finalizar o nascer do sol que não nascia. Porque era inverno. Era inverno em uma cidade distante e o filme que passava era o mesmo, todos os dias.