Tomou uma xícara de chá amargo e foi pro trabalho. A mesma coisa de todos os dias: bater o cartão ao entrar pelo portão, trabalhar na linha de produção e voltar pra casa. Mas antes sempre passava na padaria. Três pães franceses, um sonho e uma coca-cola. Era bem raro comprar requeijão.
Ah! Requeijão era luxo. E não jogava fora o potinho, não.
Ia acumulando pra colocar tempero.
Cominho, noz moscada, orégano, salsinha e cebolinha... E se plantando tudo tinha!
A coca-cola era costume... Chamava até de neguinha.
Os pães eram devorados em dois tempos.
E o sonho que ele comprava, todo dia sobrava em cima da mesa.
(Mas dentro do quarto, o que sobrava era beleza!)