Toda quinta-feira, descia a rua principal gesticulando e fazendo cara feia pra quem passava. Xingava a brisa, pisava forte, balbuciava meias palavras, pensava meias metáforas. E se jogava fora. Pegava fogo, cuspia. Era sempre o certo, era sempre o coitado, o prejudicado.
Nunca o predicado! Sujeitinho mal caráter... E eu julguei mesmo. Lembrava da cara feia o tempo todo, enquanto andava, enquanto comia, enquanto sambava, enquanto ria... Enquanto eu ia...
Ia, ia, ia... Aí me lembrei do dia em que dei tchau pra covardia e esqueci a melodia exatamente ao meio dia. Era 12 de janeiro, eu achava que tinha deixado o riso inteiro, mas percebi que ele me acompanha.
Quem ficou pra trás, só ficou.
Ficou com as frustrações que tentou colocar na minha mala.
Mas vou te contar bem baixinho, quase sussurrando:
A verdade é que a vontade é a visitante mais passageira!
Fui mais esperta e acertei a nota! Pensou que foi ligeira...
E levou uma rasteira.
O segredo é sempre esse!
Esquecer o que joga, o que xinga e o que frustra.
Junta tudo numa trouxa, tal qual a roupa suja.
A diferença é que não se lava. Bota tudo na lixeira.
Incrível!
Hoje em dia o povo tá sem eira nem beira.
Um comentário:
Haha! Simplesmente genial!
Intimidade com as palavras faz toda a difença na hora de escrever. E essa intimidade é mais do que visível aqui.
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