Ontem eu saí. Estava em casa, fui comprar bebida, voltei, bebi, me arrumei, bebi e saí.
Saí como quem sai de si pra procurar algo por lá. Ali fora era frio e tudo o que eu via escapava dos meus olhos. A cada compasso um grupo puxava o foco, num jogo cênico involuntário.
Não faz sentido algum desejar a superfície. Eu passava e aqueles homens passeavam as mãos na minha barriga, pegavam no meu braço, murmuravam meias palavras numa disputa carnal que parecia valer a vida. E valia. Valia o ego e isso pra eles era um inteiro.
Me deu saudade de me sentir desejada por dentro, saudade da conquista, dos começos, dos meios e dos recomeços. Me deu saudade da saudade. Da espera, dos suspiros, dos atrasos, dos descasos, do desgaste.
Cheguei a suplicar pela despedida.
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