sexta-feira, 8 de abril de 2011
segunda-feira, 4 de abril de 2011
Incesto
"Agora o meu coração tá tranquilo."
terça-feira, 29 de março de 2011
De justa, o fardo, as costas e o copo
Grande feito aqueles outros
Montes, colinas, picos, como queira
Só sabia discutir um assunto
Desses que parecem sem eira nem beira.
Amores, um punhado
um apanhado em suas gavetas
Guardava as cartas, anéis e as mágoas
E na roda se fazia, de todas, a mais amante.
Não a julgo não
Aqui eu cuspo qualquer frase feita de esquerda
Mas por dentro, do lado esquerdo é sempre oco.
É sempre um eco.
sábado, 26 de março de 2011
Queria trazer a lua pra dentro de mim, ou pendurar no quarto de uma sexta que tinha tudo pra ser só uma sexta como qualquer outra quinta.
Queria construir um castelo com meus próprios dedos. Reino, servo, coroa e banquete. Surpresa, um, dois, três, doze mil oitocentos e setenta e nove e até contar todo o incontável daria pra dar a volta ao mundo com você no 2113.
Queria conseguir ficar brava e fazer cara de é verdade pra você acreditar e se afogar em mil desculpas prometo não fazer mais.
Queria apagar esse seu eu quase monocromático pra fazer de dois um três e te banhar no meu bom gosto às quartas e domingos.
Queria Enya feat Gritando HC pra misturar feito aquarela e no pincel fazer o roxo com seu azul e o meu vermelho.
Unir todos os gostos e rostos, toques e um toldo bem no meio da praia vermelha, que aquela única luz iluminasse suas costas e que não estivesse tão frio.
Ferver numa panela de pressão nossas histórias com salsinha, alecrim, cebolinha, sal, alho, um vidro inteiro de tempero e fazer o cheiro exalar por todas as cozinhas.
Confeitos e velas, enfeites e bolas, retalhos, ampulheta pra medir o tempo que é pouco, um tanto tonto e ainda assim simétrico e ensaiado.
Copos coloridos, uma cesta de novelo de lã, eu queria mesmo só a primeira pessoa do plural e conseguir explicar exatamente o que eu sinto.
Calhou de, dessa vez, eu ter meia folha de papel e uma caneta.
Só vim aqui te avisar que vou começar a escrever.
Betina.
terça-feira, 22 de março de 2011
domingo, 20 de março de 2011
Dentro de mim sobra uma mulher que viveu por 18 anos reclamando do sol e brindando a perda simplesmente pelo prazer em se esquivar.
Dentro de mim reza uma vida, essa última, que diz não conseguir terminar de pedir um perdão qualquer.
Dentro de mim tem um espaço enorme, salão de festa, acoplado numa bela sala de estar. E dentro dela é só um sofá. É chegar e sentar, pode pedir um chá.
Dentro de mim com serviço de quarto, biscoito dinamarquês com açúcar de confeiteiro e um pote cheio de bala da infância.
Dentro de mim não falta, é farto, compra de mês pra quatro deles e o quarto é gigante.
Dentro de mim a vontade de gritar uma verdade específica é mensalista. E deixa claro que não vai viajar tão cedo.
Dentro de mim cabe uma jukebox.
Uma jukebox, uma família de retirantes e um campus novinho da do Estado de São Paulo.
Dentro de mim a gente pede sobremesa antes do almoço e caqui é a fruta preferida.
Dentro de você eu só queria um tapete porque o chão parece frio e em pé é que eu não quero ficar.
sexta-feira, 18 de março de 2011
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
Cheguei a acreditar que eu era diferente, que você era diferente, que seríamos diferentes juntos.
E fui embora, dessa vez olhando pra trás a cada passo dado. O rastro passou a ser apenas um recado disfarçado na cômoda abarrotada ao lado da cama:
"Ainda espero a resposta da pergunta que nem cheguei a lhe fazer."
sábado, 22 de janeiro de 2011
Ontem eu saí. Estava em casa, fui comprar bebida, voltei, bebi, me arrumei, bebi e saí.
Saí como quem sai de si pra procurar algo por lá. Ali fora era frio e tudo o que eu via escapava dos meus olhos. A cada compasso um grupo puxava o foco, num jogo cênico involuntário.
Não faz sentido algum desejar a superfície. Eu passava e aqueles homens passeavam as mãos na minha barriga, pegavam no meu braço, murmuravam meias palavras numa disputa carnal que parecia valer a vida. E valia. Valia o ego e isso pra eles era um inteiro.
Me deu saudade de me sentir desejada por dentro, saudade da conquista, dos começos, dos meios e dos recomeços. Me deu saudade da saudade. Da espera, dos suspiros, dos atrasos, dos descasos, do desgaste.
Cheguei a suplicar pela despedida.