segunda-feira, 26 de julho de 2010

Plano B

Não aguentei ver Alana daquele jeito, estirada na areia da praia a sufocar. Precisei chegar mais perto e tentar arrancar alguma palavra de minha própria boca, porque era eu quem padecia diante daquela cena amarga. Me lembrei do dia em que ela cozinhava e em tudo botava azeitonas sem caroço, cada gororoba que no final deixava um gostinho bem suave, como quem sente saudade. Me abaixei e ouvi meu joelho esquerdo a reclamar, mania essa, minha, de não querer tratar. Desci o ouvido bem perto de seu peito, mesmo sabendo que qualquer coisa que ela guardasse lá dentro ainda se via a apitar. Não sei o porquê da esperança, nem sei se tinha, se podia, se esperava. O ideal seria uma segunda chance... E olha que eu odeio toda segunda chance! Mas nesse caso cabia. Depois de todo o descompasso, o embaraço e aquele início sem meio nem fim, só me remetia a uma única coisa: Alana adormecia sem mim.

Isso jamais seria aceitável!
(Eu projetava a voz pelo espaço como aquele velho ator torto, surdo e impuro).
Depois de anos morando na Avenida do Eu Te Amo, me deixar solto pra qualquer inseto vir e me picar? E a alergia?





Querem mesmo saber?
Eu é que não fico aqui, infeliz, vivo e ao mesmo tempo, extinto.


Cansei de rimar alergia e alegria.

Um comentário:

Paulo Henrique Motta disse...

agora li com calma!!

muito boa as imagens criadas e as sensações diversas como cheio e sabor [sinestesia].

de certo que as característica de escrita estão no sangue.

bjs do primo