domingo, 11 de março de 2012

É duro, José
é duro ir, vir, ficar
é duro passar o dia inteiro em pé
raspando a unha no corrimão
demente, doente, corpo são

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Empurra-empurra

Existe, nos dias de hoje, uma rua muito esburacada perto da minha casa. A calçada parece pedra-pomes e o meu saltinho fino fica prendendo toda hora até que eu caí.
Liguei na prefeitura pra reclamar e aí se desencadeou aquela tática infindável dos atendentes de telemarketing que te transferem pro outro setor e outro e outro, fazendo você arremessar o telefone longe e ganhar o primeiro lugar em lançamento de dardos.

O que acontece: Preciso muito de muita massa corrida, cimento, pedreiro, trabalho duro ou qualquer coisa que o valha pra reconstruir tudo isso.






Caso contrário corro o risco de quebrar as pernas.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Em tempos de angústia contida

De repente a serpentina deixou o caimento fazer-se leve feito pena, e que me leve!
E que por duzentas vezes me lave pra eu poder contar até uma dúzia enquanto espero balançando as perninhas, tal qual minha prima que aos seis se deita de bruços na hora de desenhar coisinhas, diz ser papai mamãe irmã e eu nem sequer os reconheço. Meu lado de dentro sente saudade do seu.


E de repente o tempo todo suspirava pelos cantos rindo da cara que eu fiz de início, com o marasmo e maresia daquela praia poluída dos pés a cabeça, mas quem liga? De fato você tem razão quando diz que eu não acreditava tanto assim em tudo aquilo que estava prestes a acontecer - que agora acontece e é uma constante.
Dê-me florete, espada e sabre pra eu praticar meu esgrima contra todo contratempo, porque o meu lado de dentro sente.










- Touché!






B.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

2 mil e ONZE

2011 foi, de fato, o ano do onze.


Geralmente escrevo sobre meu ano no último dia dele, que é pra finalizar o ciclo de uma vez por todas e me considerar limpa depois dos fogos.
Não o fiz talvez pela correria no trabalho, em casa, nos preparativos, mas acho que cabe dizer aqui que quis fazer da virada uma vírgula e não um ponto final.

Meu ano foi crescimento. De janeiro a, nesse caso, janeiro.
Comecei sem lar, sem faculdade, sem emprego, sem par e ao mesmo tempo com tudo. Assisti a festa da Avenida Paulista no apartamento enorme da Susi ao lado da família, rindo, comendo, aproveitando os tios e primos. Depois voltei pra cidade de sempre, na casa de sempre, com os móveis de sempre pra esperar o resultado do vestibular.
Passei, me matriculei, me desesperei atrás de casa até voltar pro Rio e dar início a isso que não quero finalizar aqui, como disse ali em cima. Pra quem nunca tinha trabalhado, mudei de emprego três vezes. Encontrei no meio do caminho uma pessoa que é de verdade. Troquei de casa, pulei de galho em galho, aprendi a fazer abobrinha recheada, a usar máquina de lavar. Aprendi a não faltar com os compromissos só porque tá chovendo e parei de inventar dor de cabeça pra mamãe me buscar mais cedo.
Aprendi.


No tempo dos homens estamos entrando em mais um bloco de vida, em mais uma chance, em mais promessas de começar a dieta na segunda. Eu só quero continuar o que comecei ano passado. Continuar a crescer sem parar, a aprender, a fazer com que as coisas se movam de fato sem ficar reclamando no sofá comendo trakinas. Quero conquistar meu espaço, construir minha casa, valorizar e tentar fazer com que meu exterior diga um pouco mais sobre o que há do lado de dentro. Quero mais cor. E nada disso me soa como meta.
A meta desse ano doze é deixar de lado os maus hábitos. O resto eu já aprendi como faz.

É só continuar buscando.







... Aí eu passei a virada de azul.

domingo, 2 de outubro de 2011

Desleixo

Eu adorava escrever assim, como quem não quer nada.

(Hoje em dia não fica coeso.)

terça-feira, 30 de agosto de 2011

"Aqui na Urca é só milionário!"

Balbuciava ao se mostrar lúcido por inteiro, passando pela cabeça sem cabelos, o peito sem camisa, joelhos, pernas e pés sem qualquer calçado.

"Vocês dois aí! Milionários! E não dão nada. Nem olham pra gente, a gente fala sozinho pelos cantos e vocês são milionários! Cês tem casa, tem carro, tem dinheiro pro mês inteiro, aí nem precisam falar com ninguém...


Coitados."


E quando não consigo virar a angústia em arte eu deito sem me preocupar com os cabelos. Que bem me importa se eles caem, amarrotam e desamarram, os penteados já passaram do tempo, não se usa mais coque quem dirá um permanente. Terapeuta também saiu de moda e rascunhar um conto erótico talvez pudesse me adiar o melodrama.

O pior pesadelo de quem faz do choro cor é não ter aquarela pra compor as paredes.


segunda-feira, 25 de julho de 2011

Me internaram há 7 anos e há 7 anos eu não sei que horas são. De um sonho insano pra cá eu acordo em cima desses lençóis azuis da Clínica Mariana.
Sempre vi loucura onde não tinha, e quando havia eu era cega. Até que numa única vez a claridade fez com que eu notasse o feixe tênue que me separava dos ensandecidos. Talvez vocês nem concordem, talvez achem que é coisa da minha cabeça e talvez até seja. Mas da ponta daquele iceberg eu não vi só dez por cento. Eu vi três, eu vi dois. Eu vi nenhum.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Hoje eu quero que você esqueça tudo que de ruim te disseram um dia, vem me ler com o coração tranquilo e deixa o sentimento mais puro que você guarda aí dentro ficar a vontade.
O que eu tenho pra te escrever é transparente feito as águas de um lugar que quero te levar nas nossas férias. Você vive em mim e eu não quero que seja diferente em momento nenhum dessas duas-uma vida, mesmo se chegar aquela hora em que falta um pouco de cor. Vou arremessar pra longe qualquer miséria, qualquer falha, qualquer pedaço de qualquer linha que não seja torta. Eu gosto de me sentir útil pro seu sorriso e não me importo em fingir que não me importo com o seu me descartar. Senti agora o gosto salgado de não poder ser sempre seu par...

Talvez a diferença esteja no silêncio dos outros. No nosso silêncio ainda tem o sussurro de uma batida que você ouve quando deita no meu peito antes de dormir.




Betina
Estourei miolos e a culpa toda foi do maldito fone que gritava em meu ouvido guitarras oitavadas, uma única nota exalava de mim a vontade de sentar com a privada e vomitar, beber e contar qualquer cantiga. Eu não mais me engano, não. Ninguém nem precisa ousar se preocupar em perder os cabelos porque minha boca fala, fala, fala demais e hoje eu sei que quando piso vai ser fundo, perigo é torcer o pé e cair de cara, que, agora, aqui em frente é indiferente, feição de quem não quer sair do casulo, tá frio e chove. Tá frio, chove e pra mim ainda é segunda, segundo os meus princípios o reino não vai dormir. Ontem era tudo mentira e na lógica formal quando se descobre a verdade é melhor agarrar essas cortinas sem soltar nem por um dia. Vou ali fora fazer isso mas me falta levantar. Pedi queijo e veio leite quente.






Desculpa, arrotei.